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Dê nova vida ao seu PC portátil, instalando um SSD

Objectivo:  
Aproveitar os PCs já com alguns anos, dando-lhes uma nova vida, uma nova oportunidade de serem úteis, privilegiando a reutilização e adiando a reciclagem.

Introdução: 
O disco rígido, também conhecido por Hard Disk Drive, doravante designado HDD, é um dispositivo eletromecânico de armazenamento de dados, que equipava tradicionalmente e ainda hoje equipa alguns PC's.  Ao longo do tempo, sofreu várias evoluções que lhe permitiram armazenar cada vez mais informação, com maior velocidade de leitura e escrita, mas por ser um dispositivo eletromecânico tem os seus limites e começa a ser demasiado lento para os dias de hoje. Demora o seu tempo a posicionar as cabeças de leitura e  posteriormente a ler os dados que estão gravados magneticamente num disco, que gira a 5400 ou 7200 rpm. Dada a forma como os dados estão organizados no disco, os ficheiros podem ter partes no início do disco e outras partes no meio ou no fim, obrigando a cabeça de leitura a posicionar-se várias vezes para completar a leitura de um só ficheiro. Tudo isso demora tempo e todos sabemos o impacto que isso tem na inicialização de um PC, onde é necessário ler um grande número de ficheiros que estão espalhados em várias partes do disco, sendo que invariavelmente o utilizador  está com pressa, não quer esperar tanto tempo e acaba por trocar de PC, por outro um bocadinho mais rápido, pelo menos nos primeiros tempos. 
Neste artigo vamos explorar uma outra possibilidade: instalar um disco de estado sólido ou Solid State Drive, adiante designado por SSD para servir de disco do sistema, continuando a usar o antigo disco como armazenamento de dados. Os discos SSD, sendo de estado sólido, não contêm partes móveis sendo consideravelmente mais rápidos, permitindo o arranque do PC em menos de metade do tempo.

Descrição da solução utilizada:
Para usufruir dos benefícios desta nova tecnologia de armazenamento de dados (SSD), poderíamos usar 3 soluções:
  1. Substituir o HDD por um SSD fazendo uma nova instalação do sistema operativo e restante software;
  2. Substituir o HDD por um SSD fazendo previamente a clonagem do HDD para o SSD, não necessitando de reinstalar o software uma vez que se clonou o HDD para o SSD.
  3. Manter o HDD antigo para armazenamento de dados e acrescentar um SSD para servir de disco de arranque do sistema operativo, e instalação de software)

Neste artigo vamos descrever os trabalhos  necessários para implementar a solução 3, usando um disco SSD de capacidade relativamente reduzida, (240GB) mantendo os custos reduzidos e aumentando a velocidade do PC sem prejudicar a capacidade de armazenamento de dados, que fica a cargo do HDD já existente.

Sim, os SSD's não são perfeitos, sendo que uma das suas desvantagens em relação aos HDD's é o preço por GB. Outra das desvantagens é o número de escritas no disco, que é limitada a um determinado número, sendo que após esse número de operações de escrita, especificado pelo fabricante, o disco pode falhar. O número de escritas depende de fabricante para fabricante, mas é sempre preferível usar estes discos em tarefas que não obriguem a uma escrita contínua de dados, muito embora o firmware vá distribuindo essas escritas por células diferentes. Não se deixe no entanto assustar com esta limitação. Os fabricantes dão garantia de dois ou 3 anos, os discos provavelmente durarão outros tantos, mas é preferível deixar as escritas intensivas para os HDD's. Daí a solução híbrida: SDD para sistema operativo e software, que muda poucas vezes, e HDD para armazenamento massivo de dados e aplicações que exijam escrita continua de dados no disco. 

Estimámos cerca de 100GB para o sistema operativo, e outros tantos para instalar o nosso software. Escolhemos um SSD de 240GB pois é o valor mais próximo que se encontra no mercado. O preço de um disco com esta capacidade ronda nesta data os 30€, pelo que não se pode considerar um grande investimento. É pelo contrário um investimento que vale bem a pena.  Poderá optar por SSD's de diferentes capacidades, de acordo com as suas necessidades.

Material utilizado:

1-SSD:

Usámos neste caso, um disco de um conhecido fabricante, que nos dá garantias de que não vamos ter problemas de firmware, de compatibilidade, ou outros que por vezes aparecem em discos de fabricantes menos conhecidos. Existem vários discos no mercado, com diferentes tecnologias, uns mais rápidos outros menos, em que o preço sobe de acordo com a performance. Este modelo foi escolhido devido à boa relação qualidade/preço.

Fig.1 Vista da parte inferior do SDD
Fig.2 Vista da parte superior do SSD

2-Gaveta adaptadora SATA: 

Para instalar o 2º disco no PC portátil, vamos ter de sacrificar o leitor/gravador de DVD. Mas não se assuste, pois com ajuda de um cabo adaptador "USB para mini Sata II com 13 pinos", poderá ser usado como leitor/gravador externo.

Fig. 3 Gaveta adaptadora

3- Cabo conversor USB para Mini Sata II 13 pinos

Com este cabo podemos facilmente ligar o DVD/RW a um porto USB, quando tal se revele necessário.

Fig. 4 Cabo USB-SATA de 13 pinos

 Procedimentos:

Em primeiro lugar, vamos desligar o PC e retirar a bateria, se tal for possível. Vamos depois retirar todas as fichas e virar o PC, deixando os pés para cima. Retirar o DVD é uma operação muito simples, que normalmente se resume a desenroscar um parafuso ou a soltar um trinco e deslizar o DVD para fora. Na figura 5 mostra-se um exemplo de um parafuso de fixação assinalado como ODD de Optical Disk Drive.

Fig. 5 Detalhe do parafuso de fixação do DVD. Neste caso tem a marcação ODD do Inglês Optical Disk Drive. 

Após remoção do parafuso ou do trinco, basta deslizar com cuidado o leitor/gravador de DVD para fora, conforme ilustrado na figura 6, deixando a baía livre para montar o nosso SSD na gaveta adaptadora.

Fig.6 Remoção do DVD/RW. Após soltar o parafuso, o DVD desliza facilmente para fora do portátil.

Após retirar o leitor / gravador de DVD, vamos montar o SSD na gaveta adaptadora conforme ilustrado na figura 7, aparafusando o SSD na gaveta, para que não saia do lugar. 

Figura 7 montagem do SSD na Gaveta adaptadora
 
Seguidamente, retiramos cuidadosamente do DVD o seu painel frontal e colocamos na gaveta adaptadora, conforme se mostra na figura 8. Devemos ter muito cuidado nesta operação pois a fixação é feita com molas plásticas muito frágeis.

Fig. 8 Detalhe da montagem do espelho original na gaveta adaptadora
 
Finalmente montamos tudo no PC e pelo aspecto (ver fig. 9) ninguém diria que ali está um SSD em vez de um DVD. 
Fig. 9 Aspeto da gaveta adaptadora depois de montada no PC

Assim termina a montagem do hardware.

Existem algumas pessoas que afirmam que o SSD deve ser montado no lugar do HDD, porque a velocidade da porta SATA do DVD é menor que a velocidade da porta SATA do disco. Investiguei esse assunto e neste meu PC tal não se verifica. Neste PC o controlador SATA tem 4 portas SATA II iguais, portanto não existe razão para tal acontecer. No entanto, se o dispositivo que se ligar a uma das portas for SATA I, então não poderá funcionar em SATA II. 
Para deixar este assunto resolvido, recorri a um software da Intel, para demonstrar claramente (ver  figura 10) que os dois discos estão ligados no modo SATA II, que é o melhor que este chipset tem para oferecer.

Fig. 9 Controlador SATA deste PC (Intel 5 Series - SATA II)


Fig. 10 - Ambos os discos ligados em SATA II (máximo que o chipset oferece)

Instalação do sistema operativo

Já instalámos o SSD (Hardware) temos agora 2 opções no que toca ao sistema operativo:

  1. Instalar de raiz o sistema operativo no novo disco (SSD), não esquecendo de mudar no BIOS o disco de BOOT (arranque) que deverá passar a ser o novo SSD. Se o sistema operativo for recente, reconhece o SSD e adapta-se para funcionar com ele. Com uma instalação limpa o sistema fica livre de gorduras e oferece a melhor solução para quem não se importa de reinstalar todo o software.
  2. Clonar o disco antigo para o SSD, evitando assim ter de reinstalar todo o software. No fim do processo de clonagem, basta mudar na BIOS o disco de BOOT e já está. Mais indicado para quem não quer ter de reinstalar todo o software, por preguiça ou porque não tem os discos de instalação.

Neste caso optamos pela opção 2, clonar o disco antigo para o SSD e depois mudar o disco de boot. Quando o processo estiver concluído podemos usar o HDD original para armazenamento.

Escolhemos o software EASE US Partition para fazer a clonagem, tendo o cuidado de especificar nas opções avançadas, a opção "Optimizar para SSD" conforme mostra a figura 11.


Fig.11 Clonagem com otimização para SSD

Após escolher o disco de origem e de destino (sem esquecer a opção de otimização para SSD) podemos dar inicio ao procedimento de clonagem do disco original para o SSD, processo que demora algum tempo. 

Fig. 12 Processo de clonagem. (demora algum tempo)

Após a clonagem, reiniciamos o PC e Vamos á BIOS mudar o disco de arranque. Este processo varia de máquina para máquina, mas normalmente aparece na secção BOOT.

Após a alteração (não esquecer de gravar) reiniciamos o PC e se tudo estiver correto, o PC deve arrancar pelo SSD. Se tudo correu bem, podemos então usar o disco original para armazenamento, deixando o SSD para tarefas mais nobres como o arranque do SO ou instalação de software.

NOTA IMPORTANTE: Se tiver problemas no arranque do sistema operativo, poderá ter de trocar os discos de posição, ficando o SSD no lugar do disco HDD, passando este para a gaveta adaptadora. Neste caso, o BIOS deverá ficar com as definições de BOOT originais.

Ajustes e otimizações:

Evitar ficheiro de paginação (Memória Virtual) no SSD

Uma vez que os SSDs têm um número de escritas limitado (digamos 3000 escritas por célula), não faz sentido utilizá-los como memória virtual, pois o ficheiro de memória virtual está constantemente a ser re-escrito. Isto causa um stress desnecessário ao SSD, pelo que vamos utilizar o HDD para essa função, prolongando assim a vida do SSD. Na figura 13 mostramos como passar o ficheiro de memória virtual para o HDD.

Fig. 13 O ficheiro de memória virtual deve ser desligado no SSD

Não devemos alarmar-nos em demasia com a limitação do número de escritas por célula, porque o firmware gere os ciclos de escrita de forma  a balancear o número de escritas por todas as células. Assim sendo, num SSD de 240GB com um limite de 3000 escritas por célula, podemos escrever 240GB * 3000 = 720 000GB. Se escrevermos 50GB por dia, o SSD dura 720 000 / 50 = 14 400 dias. Como o ano tem 365 dias, duraria 14 400 / 365 = 39 anos. Isto para ter uma ideia aproximada. 

Há quem também aconselhe desligar a hibernação, porque obriga á escrita de toda a memória para o SSD cada vez que o PC entra em hibernação. No entanto, se a hibernação é importante para si, não deve preocupar-se em demasia. Mantenha.

Desligar indexação de ficheiros
Para não prejudicar os ganhos de performance obtidos com o SSD, deve desligar a indexação de ficheiros, a menos que seja de extrema importância para si. Para tal basta um click direito sobre o drive correspondente ao SSD e nas propriedades desligar a opção assinalada a amarelo na Fig. 14

Fig. 14 - Desligar indexação de ficheiros.

Existem muitas outras otimizações que se podem fazer no Windows para tirar o máximo proveito do SSD, existindo muita informação na internet sobre o assunto. Para a encontrar, basta ir ao Google procurar por "ssd optimization windows 10" que encontrará muitas dicas. Caso não saiba inglês pode procurar em português por "Otimização Windows SSD" que também encontrará muita informação.

Espero que este artigo tenha sido útil e que o seu PC tenha ficado revigorado como o meu, que ganhou uma nova vida!

Cumprimentos,

Luis Sousa

 


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